Única aliada: vacinação previne volta de doenças controladas

25/10/2021

No Brasil, a baixa adesão aos imunizantes aumenta o risco de surtos de sarampo e poliomielite, por exemplo

Os efeitos positivos da vacinação no combate à Covid-19 ficam cada vez mais evidentes. Três estudos realizados em diferentes estados brasileiros - conduzidos pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Fiocruz de Mato Grosso do Sul e Universidade Federal de Minas Gerais - concluíram que a maioria esmagadora de casos graves e de mortes por Covid é de pessoas sem a vacinação completa. Mesmo diante da variante delta, que tem maior capacidade de transmissão, o número de mortes no Brasil está caindo e as vítimas fatais são principalmente pessoas que não completaram o esquema de imunização.

Contraponto a essa adesão da população e os bons resultados apresentados em relação à Covid-19, outras vacinas previstas enfrentam maior dificuldade de chegar aos braços dos grupos elegíveis. Desde 2013, a cobertura de vacinação para doenças como caxumba, sarampo e rubéola vem caindo ano a ano em todo o país e ameaça criar bolsões de pessoas suscetíveis a doenças antigas, mas fatais.

De acordo com a pediatra, especialista em imunização e sócia da Clivped, Fabiana Frasson, a pessoa que não se vacina, além da própria saúde, também coloca em risco seus familiares, outras pessoas com quem tem contato e contribui para aumentar a circulação de doenças. "Graças à vacinação, ocorreu uma queda drástica na incidência de doenças que costumavam matar milhares de pessoas todos os anos até a metade do século passado - como coqueluche, sarampo, poliomielite e rubéola. Mas, mesmo estando sob controle atualmente, elas rapidamente podem voltar a se tornar uma epidemia caso as pessoas parem de se vacinar", destaca.

Os dados mais amplos disponíveis no portal do Ministério da Saúde mostram que praticamente todas as vacinas disponibilizadas pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), sobretudo as que combatem doenças como sarampo, tuberculose e poliomielite, antes controladas, tiveram importante queda de adesão em 2020. As exceções são a DTP (difteria, tétano e coqueluche), a pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenzae tipo B, que desencadeia infecções no nariz, meninge e na garganta.), além da hepatite B, dada após os 30 dias de vida.

Segurança
Toda vacina licenciada para uso passou antes por diversas fases de avaliação. Elas também passam pela análise de institutos reguladores rígidos. No Brasil, essa função cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Os imunizantes contêm microrganismos da própria doença que previne. Por exemplo: a vacina contra o sarampo contém o vírus do sarampo. Mas, eles são enfraquecidos ou mortos para que o corpo não desenvolva a doença, mas se torne preparado para combatê-la se for necessário", explica.