Lesões no esporte: o principal vilão dos atletas Atletas profissionais precisam treinar e competir mesmo lesionados.

22/07/2022

Praticar esportes traz inúmeros benefícios para a saúde: aumenta o condicionamento e resistência física, previne as doenças cardiorrespiratórias, reduz o estresse e até mesmo melhora a qualidade do sono.

Ainda assim, os atletas de todas as idades e modalidades, profissionais ou não, enfrentam um inimigo comum: as lesões. Seja pela sobrecarga ou um acidente, as mais variadas lesões podem atingir músculos, articulações e ligamentos e dificultar, ou mesmo impossibilitar, a prática esportiva. Os amadores, além de treinarem com menor intensidade, têm a vantagem de poder dar uma pausa no esporte para cuidar da saúde e se dedicar ao repouso e aos tratamentos.

Quando se fala em atletas profissionais, a situação é outra: com treinamento intensivo diário e uma agenda repleta de competições, se torna mais complicado fazer uma pausa para cuidar da saúde. Não é raro que atletas profissionais sigam competindo mesmo estando em processo de recuperação.

É o caso do piloto Hugo Cibien, único capixaba disputando a Imperio Endurance Brasil. O piloto faz o tratamento com o fisioterapeuta Alisson José Bernardo, que trabalha com várias técnicas para aliviar as dores e prevenir contra novas lesões. A corrida de 4 horas de duração envolve muito esforço físico tanto dos membros superiores como dos inferiores que são bastante exigidos durante a prova. Alisson explica que o atleta sobrecarrega ombros e braços para manter o controle do volante nas manobras. O pescoço é afetado pelos impactos na pista e a cervical devido ao aumento de forças nessas articulações. Já nos membros superiores, são afetados os joelhos, pois a todo momento há o movimento de acelerar e desacelerar e a troca de marchas.

Para Hugo, a fisioterapia é fundamental, uma vez que a dor pode comprometer o rendimento durante a corrida e no treino físico. "As dores me levam a perder a concentração na corrida, o que pode acarretar erros na pista", diz. O piloto também faz tratamento de lesões pré-existentes que podem atrapalhar na pista e no preparo físico, como as vértebras deslocadas do pescoço.

Outro atleta que sofre com as lesões é o voleibolista brasileiro praticante da modalidade de vôlei de praia, o capixaba Saymon Barbosa, de 28 anos. Devido a lesão no joelho, a tendinopatia patelar, ele faz o tratamento de fortalecimento.

O fisioterapeuta Alisson José Bernardo explica que como o Saymon é um atleta saltador, ele sentiu uma sobrecarga no joelho e um processo inflamatório bem pequeno. "O tratamento é preventivo, com técnicas de agulhamento e exercícios terapêuticos para o caso dele", exemplifica o profissional.

O ortopedista Nilo Neto comenta que, assim como no caso de Hugo, é normal atletas de alta performance competirem lesionados, tendo em vista que sempre estão se reabilitando de alguma lesão. "Os riscos são de agravamento da lesão, ou até mesmo gerar outras lesões pelas repercussões biomecânicas que podem vir", completa. Por outro lado, ficar sem treinar pode ser ainda pior. A retirada de treino dos atletas de alta performance afeta o funcionamento de suas articulações por conta do chamado fator propriocepção, que é a capacidade inconsciente de adaptação à lesão, fazendo o corpo realizar movimentos como caminhar, correr e saltar sem sobrecarregar a área afetada. "Esse ajuste fino na habilidade do atleta depende de treinamentos específicos, e a falta de estímulos faz com que haja uma redução transitória", finaliza o médico.