Era molecular: como os novos estudos genéticos podem impactar a cura do câncer

05/04/2022

Já é possível detectar mutações que fazem com que o indivíduo tenha predisposição ao câncer

No próximo dia 08 de abril é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. A doença, que por muitos é chamada de "o mal do século", é foco de milhares de pesquisas diariamente em busca de novos tratamentos, medicamentos, prevenções e cura. Na era da medicina personalizada, a análise do perfil genético tumoral se torna cada dia mais crucial para o direcionamento do tratamento do câncer com as chamadas terapias-alvo.

De acordo com o oncologista da Rede Meridional, Fernando Zamprogno, os pesquisadores estão interessados em identificar os fatores que influenciam a chance de um indivíduo ser diagnosticado com câncer, bem como compreender o significado biológico e clínico da presença destas alterações moleculares antes, durante e após o tratamento. "Com o diagnóstico genético, o médico pode adotar medidas mais adequadas para o paciente, implementando, quando possível, medidas que previnem o câncer ou que favorecem o diagnóstico mais precoce", afirma o médico.

A identificação de novos genes de predisposição e a caracterização de novas síndromes tem passado por grandes avanços e essas descobertas têm chegado rapidamente à oncologia clínica. "Já é possível detectar mutações que fazem com que o indivíduo tenha predisposição ao câncer. Se essas mutações forem herdadas, podemos rastrear membros das famílias para diagnóstico precoce de câncer e também prevenir alguns casos da doença. Além disso, temos a oportunidade de afastar ou controlar fatores de riscos específicos.", afirma o oncologista,

Testes moleculares também podem ajudar a entender a agressividade de um tumor específico e escolher, de forma mais efetiva, tratamentos como terapia-alvo, imunoterapia ou quimioterapia para um determinado paciente. Zamprogno também ressalta que o perfilamento genético do câncer pode, ainda, detectar mutações que através de tratamentos específicos podem ser inativadas e produzir, assim, respostas tumorais, ou seja, uma combinação de medicamentos que consegue anular ou modular a expressão do gene, tornando os níveis de regressão de tumores maiores.

Isso tudo coopera para o tempo de controle da doença ou, até mesmo, as chances de cura, como é o caso dos tumores malignos de mama, com expressão do gene C-erb 2 (HER-2+), que, atualmente, tem terapias que anulam o efeito desse gene, dentre elas: Trastuzumab, Pertuzumab, trastuzumab deruxtecan, trastuzumab entansina, Lapatinib, tucatinib. Esses medicamentos, usados em combinação com quimioterapia, aumentam a taxa de controle da doença, o tempo de sobrevida e a chance de cura, dependendo do cenário que se encontra a paciente.