Alerta sobre cigarro eletrônico continua!

26/10/2022

No final do mês de agosto, na campanha do Dia Nacional de Combate ao Fumo 2022, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alertou para a nova estratégia da indústria do tabaco para aliciar mais fumantes: a utilização dos Dispositivos Eletrônicos Para Fumar (DEF), os popularmente conhecidos cigarros eletrônicos, que tem caído no gosto dos mais jovens e de quem não nunca fumou e acha que o dispositivo é inofensivo.

Estudos apontaram que os aerossóis produzidos pelos cigarros eletrônicos contêm quase duas mil substâncias ainda desconhecidas e não divulgadas pelos fabricantes, incluindo produtos químicos industriais e cafeína (Chem Res. Toxicol. 2021). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda dos DEFs, porém eles são facilmente encontrados nas ruas com vendedores ambulantes e pela internet.

De acordo com a Pneumologista e Especialista em Medicina do Sono, Jessica Polese, os cigarros eletrônicos (ou vapes, e-cigarros, e-cigs) representam uma combinação de riscos, os efeitos danosos à saúde que já conhecemos vindo de cigarros comuns e a várias dezenas de substâncias químicas, incluindo cancerígenos comprovados para pulmão, bexiga, esôfago e estômago.

"Eles tem nicotina que penetra na circulação do organismo e é um dos causadores do aumento da pressão arterial, dos problemas metabólicos - principalmente cardiovasculares - idêntico ao cigarro, e ainda os conteúdos oleosos e os aromatizantes, substâncias que irritam o pulmão e que é péssimo para quem é alérgico, e pior para quem está fumando e para quem está ao redor", alerta a médica.

O vapor que os aparelhos emitem preocupam os especialistas por aumentar as chances das doenças e por não se saber ao certo o que é utilizado. "O vapor emitido é um vapor d'água e dentro dele são utilizadas diversas substâncias, algumas que conhecemos e outras não, assim não sabemos o que exatamente está sendo inalado e o que podem ocasionar ao pulmão, como uma pneumonite, uma inflamação", explica Jessica.

Em recente congresso em que a médica participou em Campinas (40º Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia e 16º Congresso Brasileiro de Endoscopia Respiratória - SBPT 2022) no mês de outubro, ela afirma que o cigarro eletrônico foi tema de diversos debates. "Conversamos muito sobre o aumento de pacientes com síndromes respiratórias como asma, e como há mais jovens viciados no cigarro eletrônico, sendo que antes eles não fumavam", diz Jessica. O que aconteceu foi que quem não fumava, começou a usar os DEFs e migraram para o cigarro comum", pontua a médica.

"O cigarro eletrônico passa a ser uma entrada para o cigarro normal por ter nicotina e se a pessoa é dependente química ela vai buscar esta nicotina em qualquer situação que ela puder", pontua a médica. foto Camila Baptistin